quarta-feira, 22 de agosto de 2018


Casinha de Barro
Ainda lembro-me da nossa Casinha lá no Sertão,
Era feita de Barro, mas eu não ligava não.
Foi construída com muito amor no fundo do quintal
Do nosso querido e amado tio João.
Por muitas vezes fomos chamadas de João de Barro,porém,
Nós não nos importávamos, pra tamanho sarcasmo.
Mandava todos irem pra caixa pregos!Defendia com unhas e dentes minha casinha.
Agradeço a Deus por ter aquela casinha, feita de barro, embira, talos de coco, barbante, chão batido,bibocas e restos de entulhos.
Não era um palácio, nem muito menos uma mansão,
Não tinha muro, nem banheiro; Mais foi feita e doada de coração.
Era na minha Casinha de Barro que eu tinha minha mãe, minhas irmãs, meu tio e meus sonhos, todos reunidos.
Hoje vejo que eu tinha tudo!
A comida era feita em um fogão chamado fogareiro,
Feito de lata velha de tinta, ferros velhos e arames.
E que quando se colocava resto de ripas, fosforo e carvão 
A chama cheia de fumaça tomava conta da casa 
E assim ia embora a fome e a escuridão.
Muitas vezes não tínhamos nem feijão da roça,
Nem muito menos esperança. 
Mas nem por isso minha mãe desistiu da gente 
Mãe solteira, com três filhas, sem estudo e sem família,
Nunca perdeu a estribeira,
Eita mulher trabalhadeira!
Por algumas vezes eu acordava e me deparava com minha mãe com os joelhos no chão pedindo arroz e feijão para São Francisco de Assis. 
Ela chorava e se lamentava perguntado: 
Meu Deus o que eu fiz,eu pelejo pro lado e pro outro e nada dá certo? Olhava para ela e me sentia a pior criança do mundo,
Porque se eu não tivesse nascido minha mãe poderia ter comida para minhas irmãs, pois seria uma boca amenos pra ela alimentar.
Quando tinha um tiquim de comida, minha mãe não comia para deixar pra gente e ela agradecia a Deus por ver nós três com o bucho cheio.
Por dentro eu queria morrer, por não poder ajuda-la, mas o que eu podia fazer?
As vezes até falava para vizinha que não tínhamos o que comer, 
Mais minha mãe ficava escabriada,pois,ela tinha medo do conselho tomar suas únicas razões de viver.
Quando chovia, minha mãe ficava apavorada,
Pois ela temia que a nossa casinha de taipa desmoronasse. 
Então ela chamava todas nós e mandava-nos deitar-se no meu colchão de solteiro
Ficava apertado, eu brigava, nós chorávamos.
Mas,Deus mantinha nossa casinha em pé, Porque nós tínhamos muita fé.
Vivemos por 15 anos, rezando e orando,para nossa casinha não ir pro chão, naqueles fins do sertão.
Eita como agradeço ao meu tio João!
Nossa casinha era rodeada de arames farpados,tinha um jirau
no meio do quintal.
Era a mais feiinha do bairro, e muitos á chamavam de casinha de barro, de taipa de pobre... Mas, para nós era pura sorte, pois tínhamos uma casinha cheia de amor e carinho, bem na zona norte de Teresina.
Só Deus sabe o quanto fomos felizes
Na nossa Casinha de Barro. 
Para nós era a casa mais perfeita,de toda a redondeza
Eita saudade da pega!
Por mais que fosse cheia de goteiras 
Nós podemos dizer que somos todas guerreiras
Por ter sobrevivido em uma casinha de barro feita por nosso tio arretado,
No norte do Sertão.
Abestado era toda aquela gente que mangava da gente,
Bom mesmo era mandar todos eles irem  pra baixa da égua.
Saudade sinto,da minha casinha,sem reboco,sem forro,sem piso.
Casinha que nos protegeu da chuva,do frio,da seca,
Hoje consigo ver até os risos,os choros,a esperança.
Minha mãe deitada se balançando na rede e rezando .
Me deparo olhando pro tempo,e vejo que da minha casinha, 
Só me restou as lembranças.                                  
                                   BRUNA TAÍS DA SILVA

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

A Morte é o futuro mais terrível que nos aguarda
Nem eu,nem tu,nem você,pode escapar dela.
A tua sombra é a própria Morte,o teu maior medo,
Dorme ao teu lado todos os dias.
Te assombra,te aperreia,te amedronta,
E ainda levar as pessoas que a você ama ou conhece,
enquanto não chega a tua vez.
Ela tenta te deixar assombrado de todas as formas
Agi o tempo todo na surdina,como quem não quer nada.
Não adianta querer ser melhor do que ninguém aqui na terra
Pois a unica pessoa que se tornaria invejável e admirável,
Seria aquele com o poder da imortalidade. 
Por isso,que passamos a  vivemos a vida como se ela mesma,
Fosse a própria felicidade.
Pois o vôo da morte nos espera,a primeira oportunidade que ela tiver
Ela nos leva para findar a vida.
                                                 
BRUNA TAÍS DA SILVA

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Sinto saudade da minha Teresina
Da minha raça,da minha gente
Oh saudade das paisagens do sertão
Do Mato seco,da terra quente.
Dos pés descalços correndo pela estrada
Gritando e cantado no meio das unhas de gatos.
Saudade da roça,dos pés de cocos,de tucum
Do chão batido,da lenha,do carvão,
Das festas de São João.
Saudade do Machado,da foice,da enxada, dos gongos.
Do riacho no tempo da chuva,
Do cuscuz e das piabas.
Da minha avó brigando e me xingando
Dos bichos de pé,da bicicleta,da liberdade.
Saudade dos meus tios em uma roda contando piadas e lendas,
No escuro da noitada
Para toda a garotada.
Ah!A semana Santa,época melhor do ano.
Pois todos os primos e primas,saia da cidade
Para o meio do campo.
Farinhadas,bolos e tortas em fornadas.
Milho verde,feijão verde,abóboras,quiabos.
Tenho saudade até da adrenalina que era roubar melancias
no quintal ao lado.
Diversão era tanta,que no final do dia a taca piava cedo.
Bom mesmo era não ter medo de ser feliz
Na minha grande e pequena cidade.

(BRUNA TAÍS DA SILVA)